Diferenças.



Ele entrelaça nossas mãos; eu aperto a dele com força, não quero que ele vá embora, quero que ele fique aqui, comigo, mas tenho medo. Medo de me magoar e de magoá-lo. Mesmo assim, continuo querendo ele ao meu lado.
- Nós não daríamos certo. - eu lhe digo, soltando minha mão da dele.
- E porquê não?
Ele me olha curioso, mas ainda assim, com jeito de que entendeu o que eu quero dizer.
Desvio o olhar do dele. "E porquê não?" Ele sabe muito bem o porque; somos o oposto um do outro. Eu sou sempre insegura, a menina ingénua que enganam fácil, fácil; sempre acabo me iludindo, romântica demais. Ele não. Ele faz mais o tipo que é bem seguro de si e que sempre percebe as furadas antes que o façam de idiota; vai sempre atrás do que quer - e consegue.
Ele segura no meu queixo, me fazendo olhar em seus olhos. Ele quer uma resposta:
- Somos muito diferentes. - respondo. E já até posso imaginar, ele concorda comigo e vai embora.
Mas ao contrário do que eu espero, ele sorri. Sorri muito.
- O que foi? Porque esta sorrindo? - minha vez de ficar curiosa.
Ele tirou uma mecha de cabelo que insistia em cair em rosto e respondeu:
-  Sim, nós somos muito diferentes. - sinto um aperto no peito, mas ele continua falando - Mas...você já viu algum quebra-cabeça se completar com peças iguais?
Agora eu sorri com ele. E concordo, entrelaçando nossas mãos novamente.