Inocência.



Pelo canto do olho, observo um casal sentado em uma mesa próxima. A garota olha para o garoto e sorri, fica vermelha, toda tímida. Acha que ele é o cara da vida dela, que nunca vai magoá-la. Sinto um pouco de inveja dela. Não pelo garoto. Pela inocência que já não tenho mais. Talvez eu fosse mais feliz se ainda fosse assim, ingénua, do mesmo jeito que essa menina. Mas eu não sou mais. Depois de quebrar a cara algumas vezes, a gente aprende algumas coisas ou continua insistindo em cometer o mesmo erro - e se machucando ainda mais. Às vezes, como agora, eu desejava toda essa inocência de volta. Mas aí eu lembro do quanto doía quando me faziam de idiota e acho que talvez seja mesmo melhor assim. Dói menos quando a gente já espera que não dê tão certo.